O setor elétrico brasileiro merece destaque não apenas pela lucratividade que representa para a economia do país, mas também pelos recordes que o setor tem conquistado. Em 2021, por exemplo, foi registrado o recorde histórico no aumento do número de usinas do mercado livre de energia.
Pensando na importância desse tópico, preparamos um conteúdo completo abordando como funciona o setor elétrico brasileiro. Continue a leitura e saiba tudo sobre o assunto!
O que é o setor elétrico brasileiro?
O setor elétrico brasileiro é um sistema complexo que abrange a geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica . Essa cadeia da energia é fundamental para sustentar a infraestrutura e o desenvolvimento econômico do país, cabendo a regulamentação do setor elétrico brasileiro à Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
O setor elétrico não é apenas um segmento crucial para a economia; é a espinha dorsal que viabiliza a produção e o consumo de energia por empresas e indivíduos. Sem ele, seria impossível conceber a vida cotidiana. Segundo o BNDES, o fornecimento de energia proporcionado pelo setor elétrico no Brasil é universalizado, alcançando mais de 99% da população.
Como é dividido o setor elétrico no Brasil?
O setor elétrico brasileiro é organizado em quatro componentes fundamentais, cada um desempenhando um papel essencial para garantir a estabilidade e a eficiência do sistema como um todo. Para facilitar o entendimento da divisão do setor, explicaremos cada componente separadamente. Veja:
Geração
A geração de energia é o ponto de partida do processo. Aqui, diversas fontes entram em cena, desde hidrelétricas, termelétricas e usinas eólicas até usinas solares. As hidrelétricas, em particular, são predominantes historicamente na matriz energética brasileira, fornecendo uma parcela significativa da eletricidade consumida no país. A diversificação das fontes de geração é uma estratégia em foco, buscando não apenas garantir o abastecimento, mas também garantir uma matriz sustentável.
Transmissão
Depois de ser gerada, a energia é transmitida por meio de extensas redes de transmissão. O papel da transmissão é crucial para garantir que a eletricidade produzida em diferentes regiões do país possa ser distribuída de maneira eficiente para atender à demanda.
Distribuição
A distribuição é a etapa em que a energia chega aos consumidores finais, sejam eles residenciais, comerciais ou industriais. As companhias de distribuição operam e mantêm a infraestrutura que leva a eletricidade aos pontos de consumo, assegurando a qualidade do serviço e a eficiência na entrega.
Comercialização
A comercialização é a ponte entre usinas e o consumo final no Mercado Livre de Energia. Nessa etapa, os agentes do mercado atuam comprando e vendendo energia. O Mercado Livre de Energia é uma opção que permite aos consumidores escolherem seus fornecedores, proporcionando maior facilidade e oportunidades de negociação. Esses quatro componentes formam a espinha dorsal do setor elétrico brasileiro. A seguir, entenda como o Brasil se destaca na produção de energia elétrica em nível global.
Por que o Brasil se destaca na produção de energia elétrica?
Em meio aos desafios globais relacionados aos eventos climáticos, muitos países estão intensificando esforços para realizar a transição energética, migrando de fontes não renováveis para soluções mais sustentáveis. No entanto, o Brasil se destaca como uma exceção notável nesse cenário.
A matriz energética brasileira, conforme revelado pelo Balanço Energético Nacional de 2022 (BEN), é majoritariamente composta por fontes renováveis, alcançando impressionantes 78%. Em comparação, a média mundial, conforme dados da Agência Internacional de Energia (IEA), gira em torno de 29%.
Um dos pilares desse projeto é a expressiva contribuição das usinas hidrelétricas, responsáveis por grande parte da geração de energia elétrica no país. No entanto, o Brasil não se limita a essa única fonte.
O uso crescente de energia solar e eólica tem ganhado destaque, desempenhando um papel significativo na manutenção da predominância de fontes renováveis na matriz elétrica nacional. A vasta extensão territorial, a rica biodiversidade e as diversas condições climáticas do Brasil oferecem um terreno fértil para explorar o potencial da energia renovável.
O país dispõe de um extenso sistema de transmissão com mais de 145 mil quilômetros de extensão, interligando a maior parte do território nacional. A eficiente rede de transmissão e o armazenamento estratégico possibilitam a incorporação dessas fontes, tanto em sistemas centralizados quanto em modelos de geração distribuída.
Vale ressaltar que o avanço notável da energia solar, aliado ao modelo ascendente da geração distribuída, representa uma tendência do mercado de energia em constante crescimento.
Qual é o futuro da matriz energética brasileira?
O cenário energético brasileiro está passando por uma revolução notável, evidenciada pelo histórico de migrações de consumidores para o mercado livre de energia. Entre janeiro e agosto de 2023, mais de 4,8 mil unidades consumidoras aderiram ao mercado livre, marcando o maior ritmo de migrações já registrado. Surpreendentemente, esse volume ultrapassou o total registrado no ano anterior em apenas oito meses, conforme dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
Atualmente, o ambiente do mercado livre abriga 35.542 consumidores, respondendo por cerca de 37% do consumo total de energia do país. A busca por maior liberdade de escolha, pela descarbonização e neutralidade das emissões de gases do efeito estufa (GEE) impulsiona a migração para o mercado livre, embora o mercado cativo ainda represente uma maior fatia do consumo total de energia no Brasil. A tendência é clara: o mercado livre de energia está se consolidando como um modelo em ascensão, moldando o futuro da matriz energética brasileira.
A Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel) informou, em setembro de 2023, um aumento significativo, com 5.883 novas unidades consumidoras aderindo ao mercado livre nos últimos meses. Esse aumento aponta para o crescimento contínuo e acessível a esse modelo inovador. A migração para o mercado livre não é apenas uma resposta à busca por eficiência econômica, mas também representa uma mudança para uma gestão mais sustentável da energia.
Os benefícios associados a essa transição são notáveis:
- Eficiência Econômica;
- Autonomia Contratual;
- Compromisso com a Sustentabilidade.
A liberdade de escolher fornecedores de energia renovável permite que as empresas alinhem suas operações com metas sustentáveis e ambientalmente responsáveis.
Ao abordarmos o futuro e as características do setor elétrico brasileiro, é imprescindível falar sobre o crescimento da geração distribuída. Dados da Aneel revelam que esse segmento já soma impressionantes 2 milhões de sistemas fotovoltaicos, totalizando 22,9 GW de potência operacional no país. A geração compartilhada não apenas promove a sustentabilidade ambiental, mas também proporciona uma maneira eficaz de otimizar recursos e reduzir custos para as organizações.
A transição energética é o futuro do setor elétrico!
A transição energética é um assunto extremamente fundamental da agenda climática que está mobilizando os maiores países do mundo. Ainda que o Brasil esteja à frente dos demais países, torna-se necessário compreender como ela ocorre no país para alcançar as metas de descarbonização.
Para saber tudo sobre esse tema fundamental, leia também o artigo Transição energética: o que é e como ela ocorre no Brasil?. Boa leitura!