O filme “Dia de Jerusa”, lançado em 2014, é protagonizado pela atriz Léa Garcia (Foto: Divulgação)
A escritora, feminista e ativista antirracista bell hooks é a homenageada da segunda sessão do projeto “Mulheres que Inspiram”, que acontece nesta terça-feira (12), na sede do Cine por Elas, em Vila Velha.
Uma das mais importantes intelectuais da atualidade, bell hooks faleceu em 2021, mas continua a ser importante referência nos temas que tanto destrinchou em seus mais de 30 livros — escritos com linguagem acessível, nos quais expressa um pensamento avesso às formulações simplistas.
“Essa homenagem se deve ao fato de suas obras serem essenciais para que possamos compreender como as dinâmicas de raça, classe e gênero se exprimem nas práticas culturais, acadêmicas, subjetivas e cotidianas”, observa Fabiola Mozine, fundadora do Cine por Elas.
Na ocasião, serão exibidos os filmes “O dia de Jerusa”, da diretora Viviane Ferreira, e “Menina da chuva”, da capixaba Rosaria Moreira. Depois das exibições, haverá uma roda de conversa com a escritora Cibele Verrangia, debatendo os filmes e a importância da vida e obra da autora homenageada.
O projeto é realizado com recursos do Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo (Funcultura), por meio do edital de manutenção de cineclubes, da Secretaria da Cultura (Secult).
Convidada
Cibele Verrangia é doutora em Estudos Literários pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), com a tese “A melancolia de resistência como identidade: um estudo comparado entre as obras Mayombe e A Geração da Utopia de Pepetela” (2018). Além disso, é membro-fundadora do Coletivo Afro-Tons.
Filmes
Dia de Jerusa (2014)
Memória e esquecimento. Sensação de abandono. Resgate histórico. Lançado em 2014, a produção escrita e dirigida por Viviane Oliveira retrata um dia na vida de Jerusa, personagem interpretada com graça e vigor por Léa Garcia. Silvia (Débora Marçal), agente de uma pesquisa sobre sabão em pó, bate à porta de Jerusa exatamente no dia em que a personagem completa 77 anos de uma vida repleta de memórias que começam a pulular ao passo que as duas interagem.
As reflexões sobre a mulher negra, inicialmente, perpassam tangencialmente pela produção, mas depois ganham maior significância, ao passo que o roteiro revela as camadas mais profundas das personagens, num filme de protagonismo feminino negro relevante, idealizado para apontar a desigualdade ainda presente no bojo do cinema brasileiro, pouco oportuno para artistas negros, ora apresentados pela míope ótica do estereótipo, ora estigmatizados e relegados aos papéis secundários ou pouco expressivos.
Menina da Chuva (2010)
Curta-metragem da capixaba Rosária, o filme confronta o espectador com uma abordagem dramática da solidão e do sentimento de não pertencimento por meio de flashes do cotidiano de uma menina que não consegue se integrar nos grupos.
Não parece haver acesso possível nas tentativas de estabelecer contato com pequenos coletivos. A língua falada, não por acaso, é ininteligível. O curta-metragem também surpreende pelo uso de tonalidades intensas, destinando a cada personagem uma cor específica. Em uma modernidade veloz, que passa incansavelmente, a ditadura do positivo e alegre e o individualismo estão cada vez mais acentuados.
Serviço
“Mulheres que inspiram”
Quando: 12/12 (terça-feira)
Horário: às 20h
Local: Cine por Elas, Rua Anhanguera, 16, Cristóvão Colombo, Vila Velha
Entrada franca