Foto: Felipe Ribeiro
Maior produtor e exportador de mamão do Brasil, o Espírito Santo tem se tornado uma referência global para países interessados em desenvolver essa cultura. Nesta semana, produtores da Costa Rica visitam o Estado para conhecer o arranjo produtivo e as tecnologias empregadas no cultivo da fruta.
A visita teve início na manhã desta quinta-feira (13), na sede do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), em Vitória, onde os produtores foram recebidos pela diretoria e por pesquisadores. Na ocasião, foi apresentado um panorama da cultura do mamoeiro no Estado, com ênfase nas tecnologias geradas a partir das pesquisas desenvolvidas pelo Incaper e organizações parceiras.
De acordo com o pesquisador Aureliano Nogueira, que coordena a visita, o Incaper foi procurado pelos produtores centro-americanos devido ao papel fundamental no desenvolvimento e inovação tecnológica aplicada à cadeia produtiva do mamoeiro capixaba. “As pesquisas e a transferência de tecnologias contribuíram significativamente para que o Estado alcançasse o alto nível tecnológico dessa cultura. O Incaper reúne esses conhecimentos, desenvolvidos de forma alinhada com as demandas de produtores e exportadores de mamão”, frisa Nogueira.
Royner Ortiz, sócio de uma empresa que produz e exporta mamão na Costa Rica, explicou que uma das finalidades da visita é conhecer novas variedades da fruta, já que o país produz apenas uma.
“Buscamos variedades com casca mais resistente para resolver problemas de pós-colheita. Também queremos aprofundar conhecimentos em fitossanidade, nutrição e irrigação. Além disso, com as mudanças climáticas, os períodos secos estão mais longos na Costa Rica, o que compromete a produção de mamão. Buscamos soluções para isso também. Agradecemos ao Incaper pela recepção e pelas informações”, disse Royner Ortiz.
A programação da visita continua na tarde desta quinta-feira (13) e segue até esta sexta-feira (14). Os costa-riquenhos vão conhecer lavouras e estabelecimentos do complexo mamoeiro em Linhares, município capixaba que é o maior exportador da fruta no Brasil.
Mamão no Espírito Santo
O Espírito Santo conta uma produção expressiva de mamão. Em termos de volume produzido e valor da produção, o Estado contabilizou 426 mil toneladas, gerando um faturamento de R$ 1,2 bilhão, em 2022. A fruta produzida em solo capixaba foi exportada para 37 países, tendo como principais destinos Portugal, Reino Unido e Estados Unidos (EUA), em 2023.
No Espírito Santo, o plantio do mamão se concentra nas regiões norte e noroeste, devido às condições de solo e clima favoráveis ao plantio da fruta. Ao todo, 392 estabelecimentos cultivam o mamão e, desses, 40% são da agricultura familiar. Os municípios mais representativos na produção de mamão são Linhares, Pinheiros, Montanha, Pedro Canário, São Mateus, Sooretama, Boa Esperança, Aracruz, Vila Valério e Jaguaré, concentrando 95,07% de toda a produção do Estado (dados de 2022).
O Estado é responsável por mais de 38,5% da produção nacional de mamão e exportou para 37 países no ano passado, faturando 21,1 milhões de dólares.
A abertura de mercados externos para o mamão capixaba se deve em grande parte à adoção de um pacote de tecnologias fitossanitárias (o System Approach), que garante a isenção de pragas quarentenárias aos países importadores.
Atualmente, o Incaper colabora com os treinamentos de identificação de pragas e doenças da cultura, voltados para produtores, técnicos de campo e, principalmente, para os fitossanitaristas, que são os responsáveis por fazerem a identificação e erradicação das plantas acometidas pelas viroses (Mosaico e Meleira).