Foto: Rodrigo Cerqueira
As personagens principais do documentário “Ato Final” estão mortas. Para contar suas histórias, as atrizes Janine Correa, Sabrina Feu e Sara Nichio experimentam, no palco, as emoções de mulheres que vivem intimamente o risco do feminicídio. Enquanto isso, um grupo de sobreviventes luta para amparar vítimas de relacionamentos abusivos. Juntas, elas gritam, porque o silêncio mata mulheres todos os dias.
Norma das Graças Francisco, Camila Lopes da Costa, Liliene Rosa Pinheiro da Conceição, Cristiane Mendes e Marciane Pereira dos Santos narram suas histórias de sobrevivência diante da violência doméstica que sofreram e trazem ao público uma discussão cada vez mais urgente para a sociedade atual: o feminicídio. Dados do Mapa da Violência, do Atlas da Violência no Brasil e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostram que, nos últimos dez anos, os casos cresceram em 30%.
Realizado com recursos do Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo (Funcultura), por meio do Edital 009/2019 – Produção de Longa-Metragem Documentário, da Secretaria da Cultura (Secult), “Ato Final” estreia nas salas de cinema a partir desta quinta-feira (16). Para marcar o lançamento, uma sessão especial acontece em São Paulo, às 17h, no Cine Satyros Bijou. Após a exibição do longa-metragem, haverá um debate com presença da diretora Roberta Fernandes e da convidada Patrícia Ramos, especialista em direitos humanos e defensora voluntária pelo Instituto Maria da Penha.
Distribuído pela Elo Studios, o documentário é produzido pela Andaluz Filmes. Além da direção de Roberta Fernandes, o filme conta com direção de elenco de Rejane Arruda, roteiro de Marcella Rocha e Roberta Fernandes e produção executiva de Rodrigo Cerqueira. A comercialização tem patrocínio da ES Gás, viabilizado por meio da Lei de Incentivo à Cultura Capixaba (LICC), da Secult.
Em 2021, “Ato Final” participou do Selo Elas, iniciativa da Elo Studios que fomenta longas-metragens dirigidos por mulheres como forma de colaborar com a equidade de gênero no setor.
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A escolha pelo tema de “Ato Final” remete à estreia de Roberta Fernandes como diretora, com seu primeiro curta-metragem, “Se Você Contar” (2017), que abordou o abuso sexual infantil a partir da perspectiva de mulheres que foram vítimas dessa violência quando crianças. “Por causa do filme, conheci muitos outros casos de violência contra a mulher, além da sexual, como a psicológica, a física, a patrimonial. De lá para cá, esse assunto passou a me provocar um incômodo pior do que eu já tinha. Sou mulher e moro num dos estados do Brasil em que mais mulheres são mortas por parceiros ou ex-parceiros no Brasil. Ter acesso a tantos casos e viver numa realidade como essa, que naturaliza a violência contra mulher, me motivaram a realizar este longa-metragem documental”, afirma a diretora.
Ela conta que, em sua trajetória como realizadora audiovisual, trabalha somente com o gênero documentário, por meio do qual procura de modo constante acessar a vida das personagens envolvidas com o tema trabalhado neste ou naquele filme. “Para ‘Ato Final’, a questão maior é que as vítimas do tipo de crime que eu queria enfatizar estão mortas, então, fui em busca das que sobreviveram. Mulheres que lutam contra a violência, que foram vítimas de violência doméstica, que acreditassem na causa do filme. Assim, conheci a Marciane, o Grupo Mulheres Guerreiras de Carapina, e outras participantes que estão no documentário. Participei de reuniões dos grupos e me aproximei das integrantes, apresentei a proposta do filme e elas toparam. Lutamos pela mesma causa.”
Roberta Fernandes ressalta que o documentário é uma denúncia contra o machismo, um padrão comportamental que vem matando um sem-número de mulheres todos os dias pelo mundo. Além disso, por meio de “Ato Final”, ela joga luz sobre a escalada da violência no interior dos relacionamentos, a começar pelas pequenas atitudes agressivas que não devem ser aceitas.
“O filme busca provocar a reflexão do quanto estamos sendo condescendentes com a violência contra a mulher. Entre outras coisas, denuncia as amarras psicológicas em torno de uma relação abusiva. Acredito que ele pode tocar as mulheres pela via da identificação e contribuir com o rompimento dessas amarras”, pontua a diretora, que também é jornalista e venceu o Grande Prêmio Canal Brasil de Curtas 2018, com “Se Você Contar”. “Ato Final” é seu primeiro longa-metragem.
Elenco:
Atrizes
- Janine Correa
- Sabrina Feu
- Sara Nichio
Entrevistadas
- Norma das Graças Francisco
- Camila Lopes da Costa
- Liliene Rosa Pinheiro da Conceição
- Cristiane Mendes
- Marciane Pereira dos Santos
Ficha técnica:
Direção: Roberta Fernandes
Produção executiva: Rodrigo Cerqueira
Roteiro: Roberta Fernandes e Marcella Rocha
Direção de fotografia: Ursula Dart
Montagem: Iris de Oliveira
Edição de som: Tiago Bello e Toco Cerqueira
Mixagem: Tiago Bello e Toco Cerqueira
Finalização: William Rubim
Preparação de elenco: Rejane Arruda
Distribuição: Elo Studios