Explorando a relação intrínseca entre arte e reflexão sobre a pandemia, a exposição “Biomorfismo – Superfície Classe A III” convida o espectador a um mergulho profundo na produção artística de Jeferson Bragga. Aberta para visitação entre os dias 17 e 30 de novembro, na Casa da Memória, em Cachoeiro de Itapemirim, a mostra apresenta uma visão peculiar em torno da experiência humana diante do caos desencadeado pela pandemia de Covid-19, a partir de 2020.
As pinturas carregam em sua composição bidimensional a essência da natureza orgânica e seu ambiente, representando uma simbiose entre as formas de vida celular, vegetal e animal, tendo como pano de fundo o período desafiador vivenciado globalmente. Mais que colocar em evidência a produção do artista, a exposição busca ressaltar o relevante papel da arte como instrumento de reflexão e expressão diante das adversidades.
Em “Biomorfismo – Superfície Classe A III”, Jeferson Bragga apresenta um universo particular, concebido durante o período de reclusão imposto pela pandemia. Criadas nesse contexto desafiador, as obras revelam uma profunda conexão com a essência da vida e a complexidade dos ecossistemas naturais. Por meio das pinturas, ele canaliza a forma elementar da natureza orgânica, explorando a simbiose entre os elementos celulares, vegetais e animais. Esse mergulho artístico transmite não apenas a individualidade de Jeferson Bragga, mas também ressoa com a coletividade do cenário pandêmico global, servindo como convite à reflexão sobre a relação de interdependência entre os seres vivos.
As telas apresentam um jogo estético que vai além da mera representação visual, incorporando a teoria da Gestalt ao unir partes individuais em um todo coletivo. Tal abordagem inspira tanto a contemplação estética quanto uma análise mais profunda das formas orgânicas e sua relevância na contemporaneidade. As referências à vida celular, frequentemente invisível a olho nu, ecoam a dinâmica invisível do vírus que assolou a humanidade, transformando a fragilidade e a imperceptibilidade em pontos centrais da discussão.
Uma das características marcantes das obras são as formas tubulares que compõem parte da narrativa visual. Esses elementos remetem não só ao período de reclusão vivenciado pela sociedade, mas também sugerem uma conexão intrínseca com a trajetória da doença, desde a fase inicial até as etapas mais avançadas. Essa representação visual da progressão da enfermidade oferece um olhar simbólico sobre a fragilidade humana, em uma época atravessada por perdas e desafios inimagináveis.
Essas formas tubulares, além disso, evocam simbolicamente a dualidade entre a dor e a esperança. Ao mesmo tempo que sugerem barras ou grades, remetendo à ideia de reclusão, fazem alusão às agulhas, peças fundamentais no processo de aplicação das vacinas, símbolo da resistência e da busca por soluções diante do contágio. Essas nuances artísticas, mais que provocar reflexões acerca do cenário pandêmico, amplia o diálogo sobre a resiliência humana ante os desafios e a busca por novos horizontes.
Realizada com recursos do Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo (Funcultura), da Secretaria da Cultura (Secult), a série “Biomorfismo – Superfície Classe A III” transcende o espaço expositivo para se tornar um convite à introspecção e ao diálogo sobre a existência de elementos imperceptíveis que permeiam o ambiente. A cada pincelada, Jeferson Bragga leva o espectador a repensar sua relação com o mundo, reconhecendo a beleza e a complexidade nas formas orgânicas que o rodeiam, a despeito do caos urbano e das incertezas que, tal qual uma névoa, ocultam horizontes.
Serviço:
Exposição “Biomorfismo – Superfície Classe A III”
Pinturas do artista Jeferson Bragga
Quando: de 17/11 a 30/11
Horário: das 9h às 15h
Local: Sala Levino Fanzeres, Casa da Memória, Rua 25 de Março, Centro, Cachoeiro de Itapemirim
Entrada gratuita